Delegacia que investiga Belo foi a mesma que prendeu filha do cantor no ano passado

A Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), responsável pela prisão de Marcelo Pires Vieira, o Belo, foi a mesma unidade que capturou em flagrante, no ano passado, Isadora Alkimin Vieira, filha do cantor. O artista foi preso após ter realizado, na último sábado, um show no Parque União, no Complexo da Maré, apesar das proibições em razão da pandemia do novo coronavírus. Já Isadora é acusada de integrar uma quadrilha de estelionatários que tem ligação com traficantes também da Maré. Com informações do Jornal Extra.

A filha de Belo foi presa por agentes da Dcod em novembro do ano passado, após ter sido flagrada em um apartamento em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, com outras acusadas de integrar a quadrilha. Após ter ficado quase um mês na cadeia, a jovem foi beneficiada com uma decisão permitindo que ela responda em liberdade ao processo por organização criminosa.

Investigações

As investigações da Dcod apontaram uma ligação entre a quadrilha da qual Isadora é acusada de fazer parte e traficantes do Complexo da Maré.

Já no inquérito relativo ao show de Belo, a delegacia apura uma possível ligação entre o evento e o tráfico de drogas. Há suspeitas de que o chefe do tráfico do Parque União, Jorge Luiz Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, tenha relação com o evento.

No pedido de prisão do cantor remetido à Justiça, o delegado Gustavo de Mello de Castro, titular da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), usou uma mensagem postada no Twitter para atestar a ligação entre o show do artista e Alvarenga.

Segundo a Dcod, policiais do setor de inteligência da especializada localizaram um tuíte em que um usuário chamado “Trem Bala”, que usaria bandeiras vermelhas no perfil para fazer alusão à maior facção criminosa do estado, fez a seguinte postagem na data da apresentação de Belo: “Mais tarde, Belo aqui no PU (Parque União). Maior paz. Gestão inteligente do Mano”. “Verifica-se que o cenário fático desenhado é um dos mais absurdos possíveis, na medida em que o ‘evento contagioso’ não foi autorizado pelo Estado, mas sim pelo chefe criminoso local, os quais (chefes) são intitulados como ‘mano’ por seus seguidores.”, escreveu o delegado no pedido de prisão.

O cantor Belo se apresentou em um show no Parque União na madrugada do dia 13 de fevereiro, sábado de carnaval, dentro de uma escola estadual situada na favela, sem qualquer autorização da Secretaria estadual de Educação do Rio. O evento causou aglomeração na comunidade.

Após pedido da Dcod, a Justiça decretou as prisões de Belo, Alvarenga e dois sócios da empresa Série Gold Som e Iluminação, responsável pela organização do evento, Célio caetano e Joaquim Henrique Marques Oliveira. Eles são investigados pelos crimes de organização criminosa, causar epidemia, infração de medida sanitária imposta e esbulho possessório. Nessa quarta-feira, foram presos Belo, Célio e Joaquim. Alvarenga continua foragido.

Além das prisões, a Justiça também decretou a suspensão das atividades da sociedade empresária e bloqueio das contas bancárias dos investigados, até que se apure os prejuízos causados pela conduta criminosa.