Hospital de Manaus amplia pesquisa de ‘Proxalutamida’ como tratamento contra covid-19

O presidente do Grupo Samel, Luis Alberto Nicolau, e o diretor técnico da instituição, Daniel Fonseca, anunciaram na última segunda-feira , 22, que foi atingido o número de 600 pacientes necessários para conclusão da pesquisa sobre o uso da proxalutamida no combate à Covid-19 no Amazonas.

Além de Manaus, o medicamento foi testado em outras nove cidades do Amazonas. Nicolau disse que é a expectativa é grande para divulgação dos resultados finais do estudo, que vem sendo realizado em parceria com a Applied Biology.

Os primeiros resultados do estudo foram divulgados no dia 09 de fevereiro, a partir de um estudo clínico realizado pela Applied Biology, que testou o uso da proxalutamida em pacientes com Covid-19 internados nos hospitais da Samel em Manaus (AM). Durante 14 dias, pacientes considerados graves e hospitalizados por até 72 horas receberam doses diárias do medicamento. Os primeiros resultados indicaram redução no tempo médio de internação, no número de mortes e na realização de intubações.

O estudo foi conduzido pelos médicos Flávio Cadegiani, fundador e diretor médico do Instituto Corpometria; Daniel Fonseca, diretor técnico dos hospitais Samel; e Ricardo Ariel Zimerman, ex-presidente da Associação Gaúcha de Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, sob a coordenação de Andy Goren, CMO (Chief Medical Officer) da Applied Biology.

A Applied Biology é uma empresa de biotecnologia especializada no desenvolvimento de medicamentos para doenças capilares. “Em fevereiro de 2020, nosso grupo de pesquisa descobriu uma relação entre a queda de cabelo e a severidade dos casos de Covid-19”, explica Goren, lembrando que estes estudos indicaram que o coronavírus só consegue entrar nas células pulmonares por meio dos androgênios.

Como a proxalutamida impede a entrada do vírus nas células, Goren iniciou uma pesquisa em nível global para comprovar sua eficácia. “Essa é a teoria que tem conduzido nossas pesquisas ao redor do mundo”, afirma. Num dos primeiros testes conduzidos por ele, com pacientes com sintomas leves, nenhum precisou ser hospitalizado, contra 27% entre os que tomaram placebo.

Ao receber a autorização do Comitê Nacional de Pesquisa para realizar testes no Brasil em pacientes nos estágios iniciais de hospitalização, a equipe de Goren escolheu o estado do Amazonas, considerado hoje o epicentro da doença no mundo. “Fizemos uma importante parceria com os hospitais Samel e, até aqui, os resultados têm sido promissores”, afirma.

Resultados

Para a primeira fase do estudo foram escolhidos 42 pacientes nas primeiras 72 horas de hospitalização. Todos eles faziam utilização de oxigênio, 35 estavam com ventilação não invasiva (VNI) e 24 com indicação de intubação.

Neste estágio, nas primeiras 24 horas, seriam esperadas de 8 a 12 intubações, nenhum paciente com uso de VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente e menos de 10% (2 a 3 pacientes) sem uso de VNI.

Com o uso da proxalutamida, depois de 24 horas havia sete pacientes com uso de oxigênio com saturação maior que 94% em ar ambiente; 15 pacientes (40%) em VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; 20 pacientes (67%) sem uso de VNI; e 24 pacientes sem mais indicação de intubação.

Ao chegar a 48 horas de internação, seriam esperadas de uma a duas mortes; de 12 a 18 intubações; de um a dois pacientes em VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; e de quatro a cinco pacientes sem uso de VNI.

Ao invés disso, o grupo apresentou 80% dos pacientes (30) sem uso de VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; 35 pacientes sem uso de VNI e nenhuma intubação.

Com 72 horas, seriam esperadas de quatro a cinco mortes; de 15 a 22 intubações; de três a quatro pacientes em VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; de seis a sete pacientes sem mais uso de VNI; nenhuma alta hospitalar e progressão média de 50% a 60% de pulmões comprometidos para 75% a 80%.

Com o uso do medicamento, o estudo apresentou 35 pacientes sem uso de VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente, nenhuma intubação; oito pacientes de alta; e redução de 50% a 60% de pulmões acometidos para 5% a 15%.

O estudo também aponta que o esperado para este grupo seria um tempo de internação média de 21 dias, com cerca de 20 intubações, cinco mortes e nenhuma evolução para ar ambiente. Com uso do medicamento, o grupo de pacientes testados teve um tempo médio de internação de seis dias (redução de 70%), nenhuma intubação, nenhuma morte e 100% de evolução para ar ambiente.

Além do grupo de 42 pacientes hospitalizados, a proxalutamida também foi utilizada em dez pacientes que estavam na UTI. Nas condições em que estavam eram esperadas, em 72 horas, sete mortes (70%), nenhum extubação e uma evolução para a retirada de Nodradrenalina (10%). Com o uso da medicação, nenhuma morte foi registrada, três pacientes (30%) evoluíram para a extubação e sete deles (70%) evoluíram para a retirada da Nodradrenalina. O grupo também registrou 82% de queda do Dímero-D.

Reforçando os bons resultados apresentados até aqui, o diretor técnico dos hospitais Samel, Daniel Fonseca, ressaltou que a proxalutamida se mostrou uma medicação bastante segura, com poucos efeitos colaterais. “Ela tem ações de cortar o efeito de inflamação pulmonar, o tromboembolismo difuso e infecções bacterianas secundárias. São dados extremamente positivos que não observamos com nenhum outro tipo de medicação. Nenhum demonstrou tanta eficácia”, diz.

Com informações da assessoria